Multipartição

sábado, 1 de novembro de 2008
De novo parei e olhei pro nada, mesmo sem tempo, atravessei esta dimensão.
E senti tudo vivo ao meu redor, em constantes e cíclicos movimentos.
Se não fosse pelo meu próprio marasmo, nem os teria percebido; estaria bem no seu clima.
Falo não do físico, claro, tenho mil atividades cotidianas, como qualquer humano por aí.
Aliás, é toda esta inquietação que tem me consumido.
Não sei... Não sei traduzir... Angustio-me ainda mais...
Sinto que me decomponho em trezentas partes igualmente desiguais e inexplicáveis.
E cada uma delas vai ficando em um lugar por onde eu caminho.
Cada uma vai se agarrando a um amigo que está, inevitavelmente, partindo...
Porém, estas possuem uma inata capacidade de transformarem-se em um novo eu.
E, se pelo menos uma delas restar em mim, tudo bem...
Não é tão doloroso quanto pensei desintegrar-me.
Se ainda restar uma migalha de mim, talvez eu me refaça...

Por: Ana Carolina de Assis