Balé Clássico

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Com o passar do tempo, a gente começa a compreender a necessidade da chuva, e então o medo já não nos faz chorar. Não que eu goste dos raios e trovões, mas devo confessar que eles me fazem falta quando os dias estão abarrotados de calor. As semanas precisam de um tempo ocioso, e não há nada que desacelere mais os dias do que os temporais. Eles levam consigo as incertezas apressadas do dia-a-dia.


Eu nunca fui do tipo "admirador da natureza". Devido à falta de tempo e as tantas tarefas a fazer, meus dias sempre foram curtos e, sendo assim, não havia momento para me preocupar com o barulho do cantar dos pássaros e muito menos com o vento juntando as árvores. Porém, diante de um temporal desastroso, o qual desencadeou algumas tragédias, eu fui instigado a observar o poder devastador da natureza.


Parecia um dia normal. Devo citar, até, um breve aparecimento do Sol por entre algumas nuvens brancas. Sim, parecia que ia chover, mas, aparentemente, seria apenas o resultado rápido das duas semanas seguidas de calor latente. Havia feito, durante àquela última semana, para ser exato, um calor de 42º. Ou seja, sabia-se, por vivência, que a chuva estava por vir.


Como de costume, cheguei em casa por volta das 16:30. Tomei banho, bebi meu café e me atirei no sofá em busca do sono que há tempos não me visitava - com tantas noites acordado a trabalhar, o sono resolveu, de vez, sumir de mim -. Eu precisava relaxar, nem que fosse por pequenos instantes, pois teria de me levantar para redigir a coluna a ser entregue, no dia seguinte, na redação. Exausto, adormeci.


Um barulho ensurdecedor. Levantei-me do sofá, assustado, sem saber o que estava acontecendo. Ainda sonolento, passei alguns minutos tentanto perceber de onde poderia ter vindo o som. Outra vez, o mesmo barulho. Aquilo foi o suficiente para me despertar. Compreendi o aproximar da tempestade e, rapidamente, fui fechar a casa. Corri em direção às janelas, porém, ao passar pela maior delas, atrás da minha casa, não pude me conter em assistir aquele balé que há tempos não admirava. O céu tinha cor de champagne e as árvores dançavam uma coreografia que parecia ter sido ensaiada por meses. Era de uma simetria espetacular!


A chuva aumentou. Tive de ir fechar as outras janelas, não tinha jeito. Entretanto, voltei e sentei numa bancada, embaixo do parapeito. Assisti ao resto da apresentação. As árvores, antes de um verde completo, perdiam suas folhas com o vento que não dava trégua. Elas se misturavam aos pássaros e, portanto, era difícil de distigui-las. Era primavera. O jardim estava abarrotado de flores coloridas, que, com o sopro forte do céu, acabaram perdendo suas pétalas também. Um verdadeiro mar de cores.


Um êxtase. Era assim que dava para me definir naquele momento. Eu não me lembrava de como era belo observar o céu - ainda mais diante de um temporal -, havia me esquecido de como aquilo era saudável e aliviante. Fiquei ali por horas a fio, avaliando cada detalhe, cada folha e seu destino, cada pássaro trabalhando para proteger a si e a seus filhotes. Era a natureza se manifestando e aquilo era belo. Extremamente belo.


Assim que anunciou-se o fim do espetáculo, me dirigi ao escritório e, por mais algum tempo, relembrei a cena que acabara de presenciar. Dei uma outra olhada no céu, agora, tinha cor de neve. Era branco. Sentei-me diante do notebook e, na coluna que pretendia entregar à redação, transformei, em longas linhas, o espetáculo daquele fim de tarde.


Voltando aos velhos tempos. ;)


Por: Julya Tavares

Conversa Íntima

domingo, 12 de outubro de 2008
Eu amo verbetes bobos com significados estranhos.
Eu prefiro ficar calada a dizer besteira ( a menos que estas façam sorrir os meus amigos).
Eu vejo o mundo de um jeito muito peculiar, que só os que me conhecem são capazes de compreender.
Eu tenho crises nervosas e no minuto seguinte rio delas.
Eu acredito no poder das palavras, mas tenho certeza de que um olhar é mais poderoso.
Eu ainda penso que as pessoas são boas.
Eu não me importo com o que a maioria pensa de mim, mas há uma minoria que me enlouquece com suas opiniões.
Eu acordei um dia desses (que não foi ontem) e não era mais uma criança e não sei se fiquei feliz.
Acordei de um sonho lindo, em que a vida era plena. Descobri que estava deveras viva, então chorei, de medo.

Por: Ana Carolina de Assis