Conforme a Música

quinta-feira, 31 de julho de 2008
Sorriem, esta é a sua melhor arma.
Dançam. A melodia pensa guiá-los, mas em seu interior, eles transformam-na.
As regras tentam se impor, mas eles contornam-as.
O que eles sentem é poesia; o que vêem é arte; o que ouvem, música.
Fingem-se alienados enquanto suas imaginações fervilham.
Apenas esperam o momento de agir, detêm a rara sabedoria.
Fingem-se sombras e se escondem por trás de futilidades do dia-a-dia.
Só aguardam a oportunidade de falar.
Dancem conforme a música e libertem suas mentes!
Ninguém pode controlar as idéias que fluem de espíritos essencialmente livres.

Por: Ana Carolina de Assis

Luísa

segunda-feira, 28 de julho de 2008
Venha dançar, morena!Esqueça o que te aflige, o que te ronda, o que te sufoca. Saia do teu vazio e venha para a roda que te preencherá, encontra os olhos de quem te quer bem e venha.Vista tua sandália de verniz e salto alto, morena, mostra tua mais bela saia estampada. Ginga! Rodeia-te e feche os olhos... Espaireça! Faça voar e sumir o teu pranto. Liberta o belo sorriso que há dentro de ti, encanta-se e encanta ao som dos bandolins, deixe-os te levar.Alegra-te, joga-te, força-te à felicidade e dança.Dança porque podes, porque queres, porque precisas. Faz do mundo um cristal valioso, irredutível... Esqueça-te da ressaca, morena, e repara na mansidão desse mar de felicidade que te espera. Perceba que o mundo não pertence a mais ninguém além de ti... Viva!

Pra minha amiga Ana Luísa Guimarães

Por: Julya Tavares

O Retorno

sábado, 26 de julho de 2008
Noite escura de céu límpido e vento cortante...
Caminhava só, rumo a um lugar desconhecido aos humanos.
Sem saber ao certo o porquê da viagem.
A lívida lua revelou-se de trás da negra névoa e iluminou seus pensamentos; trouxe aos seus sonhos, perdidoa outrora, um fio de luz.
Ele soube então que haveria de chegar.
Era agora certo como nunca que, não importavam os desvios que tomasse, no fim, retornaria para d'onde nunca devia ter saído: o seu lar.
E, felizmente, ele já podia ouvir, alto e claro, o som da voz de seu pai, que guiava-o.

Por Ana Carolina de Assis

Ventos

quinta-feira, 24 de julho de 2008
Está escuro. Não há som de mundo, apenas o ruído do silêncio e da solidão que me invadem. Da janela, vejo somente negrume. O céu está num breu que parece clarear jamais. E então chega um vento, mas ele é diferente, parece pesado, parece arrastar.
As árvores balançam carregadas dos elementos do dia, elas esperaram o vento chegar para levá-los embora. E então o sinto me tocar, não quero ser invadida, mas é difícil evitar a sua força. Quero estar saturada, angustiada, reunir os meus desesperos e emoções. Eu quero chorar, mas ele não deixa. Livra-me, revira-me, purifica-me de sensações. Faz daquela noite um ritual pelo qual não desejo passar, faz daquela janela um lugar do qual não desejo estar, e então se vai. Vai porque passa, porque precisa, porque engana. É só uma questão de ciclo, de obrigação, de seqüência. Assim como as águas dos mares são renovadas pela chuva, assim como o dia é renovado pela noite, assim como o mundo gira...
Os ventos inventam um esquecimento inexistente, uma mudança imutável, um passar de dias arrastados. Porém, não importa. Não há nada mais certo e sensato do que se enganar de algo que é necessário ser mudado...

E então eu percebi que o céu muda de cor toda vez que você vai embora...

Por: Julya Tavares

Conto de Fadas

sábado, 19 de julho de 2008
Carruagem, criados, riqueza...
É um retrato tão dissimulado, tão mentiroso, tão belo, tão abstrato.
Personagens superiores, maiores, necessários.
São superficiais, insensíveis, incrédulos. São materialistas.
À frente, um espelho refletia uma imagem, mas não seria esse o desenho da realidade.
Um belo rosto, uma vestimenta valiosa, jóias.
Um grande castelo, um jardim bem cuidado, um príncipe.
Seria isso a definição da felicidade? Talvez.
Tantos mimos, tanta reverência. Um mundo utópico, uma realidade inexistente.
Ao redor não se vê sentido, coerência ou lógica, apenas o concreto.
Não se entende infelicidade no que parece tão belo e suficiente.
Não se enxerga impaciência naquilo que é fluente...
Serão eles cegos ou desprovidos de alma?
Incapazes de enxergar ou indiferentes?
Não se sabe a bem da verdade. Mas, ela não quer ser como eles. Ela não se esconde dos sentidos e sensações. Ela é real.
Sente ansiedade e ódio, reconhece sentimentos. Todos, eu diria.
Tem consciência dos fatos que a rodeiam. Desconhece os mistérios da vida, mas sabe que não é necessário sabê-los, basta reconhecer a beleza de cada caminho.
E apesar de reconhecer a beleza de tudo que possui, chora... Chora porque o tudo não lhe serve, o tudo não existe, o tudo não é nada.

As princesas também choram e sentem dor.

Por: Julya Tavares

Esse é para as minhas amigas.

Escrevo-me

Para ti não mais, para mim agora.
E desta vez por muito tempo.
Porque de mim as palavras vieram, comigo devem ficar.
Podes compartilhá-las comigo, mas nem a mim elas pertencem.
Vieram do infinito, para lá voltarão a cada vez que forem ditas.
Dadas a mim foram como dádivas, que me guiaram; apenas transcrevi-as.
E se não podes guardá-las, deixe-as livres, elas não pertencem a ninguém.
E como de mim são parte, nem eu.

Por: Ana Carolina de Assis

Época

quarta-feira, 16 de julho de 2008
És tão bela, tão divergente, tão ingrata.
Me confundes, me despertas, me adormeces em dor e incompreensão.
Me atormentas com perguntas, questionamentos, pensamentos complexos... Não! Eles jamais me levarão a algum lugar!
Fazes de mim uma estrada perigosa, acompanhas minha mente como queres, dominas o meu humor. E então domonstra-me os teus diamantes, o brilho dos teus dias, a cor da tua época. Leva-me a crer na tua simplicidade e complexidade paralelas. Enfrenta-me com a tua mentirosa eternidade, vais embora sem deixar qualquer vestígio. Esconda-te!

Tão contraditória e insensível é tu, oh juventude!

Por: Julya Tavares

Eu e o Tempo

segunda-feira, 14 de julho de 2008
Passam as estações, os dias.
Passam os meses, os anos.
Têm dias que chove.
Têm dias que venta.
Às vezes faz sol, mas não sinto esquentar. Está cada vez mais frio aqui.
Admiro o mar... Está calmo, porém acaba de invadir a calçada. A maré subiu demais, ninguém se importa com isso. Tudo continua e eu me perco em pensamentos por um instante.
Os pássaros nascem e logo põem-se a voar.
O sol aparece e se esconde muito rapidamente.
Os ponteiros do relógio se apressam e assim percebo a chegada da lua.
Os dias se adiantam, o mar se agita e acalma.
Hoje é inverno, mas logo chegará a primavera... A vida não pára.

Por: Julya Tavares.

Gabriela

sábado, 12 de julho de 2008
Abra os olhos e enxergue as flores!
Preocupas-te com tantas adversidades, te angustias com tão pouco...
E choras, e as lágrimas turvam a tua visão de tal forma que não vês que elas estão regando r fazendo nascer a vida ao teu redor.
Tua mente se enche de tantas dúvidas, sempre queres saber o porquê do porquê do porquê, e aprofunda-te tanto em procurar as respostas dentro de ti, que não percebes que há um mundo tão colorido ao teu redor, no qual, se quiseres, tudo está sempre bem.
Abra os olhos e enxergue as flores, porque elas estão por toda parte.

Por: Ana Carolina de Assis

Pra minha irmãzinha! *.*

Dias ♥

quinta-feira, 10 de julho de 2008
Vagar, sentir, sorrir.
Sentar diante do mar, pular amarelinha no meio da rua, voar.
Fazer com que tudo acabe de uma só vez, sentir o vento arrastar tudo, sentir um abraço como se fosse o último.
Chorar, gritar, sofrer.
dormir, mas não adormecer, dormir parar tentar esquecer, dormir para querer morrer.
Medo, vazio, saudade.
Conhecer alguém e não mais esquecer, ser e ter o mundo nas mãos, amar uma única vez.
Viver, sonhar, sumir.
Cantar de madrugada, sonhar com um reencontro, chorar sem pensar em nada.

Fazer com que a vida siga seu fluxo. Aprender a ganhar e perder. Entender que a vida continua mesmo longe de você.

Por: Julya Tavares

Uma Visão

quarta-feira, 9 de julho de 2008
Ele passou, via-o.
Ele olhou-me, conhecia-o.
Mistério... Tão diferente de tudo que já vi, atraía-me.
Mais forte ou mais fraco do que deixa transparecer: intrigava-me.
Diga-me, explique-me, descreva-me quantos sonhos compõem as constelações.
Revele-me os desdobramentos da Via Láctea.
É de lá que você veio? De onde saiu, anjo que me encanta?
Fale-me dos encantos que sequer imagino.
Torne-me um conhecedor do infinito que habita-lhe.

Por: Ana Carolina de Assis

Para Poucos

terça-feira, 8 de julho de 2008
Surgiu de repente. Algo totalmente inexplicável e até então inexistente. Eu nunca soube vê-las do jeito que realmente são, nunca enxerguei a essência verdadeira do que podem passar. Elas podem ser más ou belas, cintilantes ou escuras... Só depente do que você quer, do que sente ou vê.
Para mim, sempre foram desinteressantes, longínquas e principalmente inacessíveis... então encontrei-as vagando pela minha mente. De forma alguma, demonstravam caráter malicioso... Pareciam-me tão simples. E então conquistei-as para mim, e hoje me revelam exatamente como quero. São reflexos do espelho que vejo o mundo, as pessoas, a mim.
Quando não há o que fazer, elas fogem do meu interior sob forma de liberdade. Me dão acesso à realidade e me fazem levar pessoas junto a esse mundo despercebido e desprocupado... sabem exatamente o momento certo de se mostrarem presentes...
Muitas das vezes são deixadas no ar, dizem que o vento as leva, porém quando ditas vulgarmente, exercem poder sobre seus ditadores.

De amor, ódio, vingança, crítica... São palavras, não importa. A verdade é apenas dizê-las com sabedoria, a fim de que não sejam apenas ditas, e sim fixadas.

- Eu odiei, mas e daí? ¬¬

Por: Julya Tavares
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Nei Giardini Che Nessuno Sa

As flores murcharam, o céu perdeu a cor azulada e passou a ser confundido com as pesadas nuvens brancas que o povoavam. As fontes secaram e não havia mais pássaros aninhando as árvores, pois todas as folhas voaram e busca do destino que o vento escrevera.
Era outono. Parecia ventar cada vez mais e tudo se dispersava a cada milésimo de segundo. Pétalas e espinhos, antes desunidos, voavam agora juntos. As gotas de orvalho secavam antes mesmo de chegarem ao solo, agora, infértil. Impressionante era o desapego de tudo aquilo. Parecia inacreditável e incontestável as direções de cada pedaço daquele jardim. Tudo que um dia fez parte de um mesmo corpo, agora, se desvanecia através do vento que hora tendia para o norte, outrora para o sul.
Do lado de fora, tudo ocorria normalmente. O resto do mundo parecia não se importar ou sequer perceber o tumulto que acontecia naquele local. Passavam por ele. As portas trancadas a sete chaves. Alguns espiavam, mas era impossível de se observar, os muros que o rodeavam eram de um tamanho imensurável. Então, os curiosos observadores desistiam e voltavam para os seus respectivos objetivos, esquecendo-se do tal lugar misterioso. A vida seguia o seu fluxo.
O som voltara, e com ele os outros quatro sentidos. Voltei à realidade sem vontade de me conscientizar dos fatos ocorridos. Abri os olhos. A claridade incomodava-os, fazendo a retina contrair-se. Lá estava eu, de volta à vida de alguma forma. Pensando naqueles meses que permaneci com os olhos fechados, idealizando o jardim. Talvez tenha sido semanas, horas... segundos. Na verdade, não me importa. Apenas me acalmo por saber que ele ainda está aqui, dentro de mim, exatamente como o imaginei. Misterioso. Disperso. Fechado.

Por: Julya Tavares

De passagem

Vivo num mundo ao qual não pertenço, relacionando-me com pessoas que não são do meu povo: cordialidade - seja legal ou viva só. Às vezes é tão melhor o prazer da solidão.
Olhos fechados. No escuro encontro o universo de onde vim. Como brilham as estrelas naquele lugar! E quão maravilhoso é sentir-se em casa! O frescor da manhã já vem chegando. Ah, como é belo este amanhecer!
Música. Agitada demais, perturbadora! Mãos nos ouvidos, não me arranquem daqui!
Acordei. Uma murmuração. Voltei. Não tem jeito, hora de voltar ao maçante cotidiano, até ser novamente agraciada pelo prazer de estar no meu lugar.


Por: Ana Carolina de Assis

Se

domingo, 6 de julho de 2008
Se eu passar por você na rua, talvez nem me note, pois me esforço pra mais um na multidão me tornar. Se eu lhe dispensar um olhar e se você estiver disposto a ver, ficará atordoado, mas logo esquecerá. Era só mais uma pessoa no mar de corpos que inunda a cidade.
Mas e se, por acaso, por ironia do destino, eu me importasse com você e me fizesse importante? Eu poderia te dizer mil coisas, mas basta um olhar, você entende. Tão puro e tão intenso, tão leve e tão atordoante. Minha presença tornou-se necessária e inquietante. Poderia ser diferente, mas não se luta contra o que não se causou deliberadamente. O que há e o que deveria haver... Nunca saberei. Eu só quero que esteja por perto, porque me dá paz.

Por: Ana Carolina de Assis

4 de Julho

sexta-feira, 4 de julho de 2008
Lixo, miséria, insatisfação.
Onde estará a solução de tudo isso? Não sei.
Assisto a um cenário mórbido, cheio de ilusões e desapego. As pessoas reclamam, mas não parecem se importar com o caos imenso em que se encontram.
Crianças brincam na lama. Não, elas não têm consciência do que as esperam.
Só vêem ao redor. Elas gravam o sofrimento do lugar onde situam, de suas famílias.
Pensam apenas no colorido, não enxergam a escuridão em que vivem. Jogam limões para o alto em busca de uns trocados...
E então, onde estão os vilões?
Quem são os mocinhos?
Será que existe alguém inocente nesse ninho de cobras no qual só saem prejudicados os desprovidos de altos salários?
Sim, eu me refiro aos pobres.
Pobres de coração, pobres de espírito, pobres de compaixão. Pobres de esperança...

O ônibus fez a volta. Talvez, não mais reflita tais coisas, ou nem sequer verei aquela mesma cena. A tela de um quadro no qual espero esquecer. O retrato de um Brasil sedento de reformas. O meu Brasil.

Por: Julya Tavares

Imperativo

quinta-feira, 3 de julho de 2008
Nega! Contesta! Pergunta! Questiona! Renega tudo o que és, tudo o que te tornaste até agora, o que acumulaste, o que pretendeste, o que amadureceste, esqueça! Enxerga só o que tens pela frente e mergulha no que te é novo. Muda! Então terás crescido, e serás consciente de que tudo o que fizeste transformou o que havia ao teu redor, aí... Afirma! Aceita! Alegra-te com o que criaste para ti. Aí verás que o mudado não és tu, é o teu universo. E que ao pensar que mudavas a ti mesmo, o que sempre foste, a tua essência, esta é que conseguiu trazer à existência o mundo que sonhaste para ti.

É o meu preferido dela *.*

Por: Ana Carolina Assis

7 de Julho

quarta-feira, 2 de julho de 2008
Alegrava minha vida.
Levava-me a uma atmosfera diferente de todas que já habitei. Novos ares.
Fazia dos meus dias os mais belos possíveis, e das noites um manancial inabalável. Silêncio.
Preenchia os meses aparentemente demorados. Fazia com que os anos passassem depressa. O meu mundo corria em tua companhia.
Sons de pássaros e águas cristalinas. Sim, me fazia ouvir tudo isso.
Céu azul, árvores abarrotadas de folhas e frutos. As ondas do mar pareciam me induzir ao longe. Não havia pessoas quando estava aqui. Vazio.
Inspiração, satisfação e docilidade: Trazia-me.
Lugares idealizados, grutas e cachoeiras jamais vistas por qualquer ser: Fazia-me ver.
Encanto, magia e sedução. Era tudo num único ambiente.
Saudade...

Consciente e inconscientemente. Quero ambos, não se espante...
Apenas leve-me para longe daqui.

Só porque a Livinha gostou.

Por: Julya Tavares