Saudade

segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Se te procuro sempre onde passo
Buscando entre os rostos o teu,
E o meu senso que se perdeu
Então que esteja em ti o meu traço

Que ouças a cada segundo meu grito
De louco pedido de socorro
Porque se não apareces, morro
De saudades no peito aflito

Que sintas como eu, que de tanto precisar-te
Com os olhos vidrados, perdida
Que contigo deixei minha vida
E não existo se dela partes

E este é um sentir de quase vingança.
Se estou a desfalecer por não ver-te
Junto à presença da ausência restante
Que estejas então tu também nesta ânsia.


"Meu amor, nunca te ausentes de mim, para que eu viva em paz..." Chico Buarque

Por: Ana Carolina de Assis

esconde-esconde-do-amor

terça-feira, 17 de novembro de 2009
Uma vez eu vi o amor e com ele quis viver
Persegui seus passos largos ansiosa para ver
Qual é o doce sabor de limão que me faz ele querer
Fiz dele meu despertar,
Alimentei-o com todo o meu penar;
Mas sorrindo ele me fez chorar
Quando um adeus me quis mostrar

Mas não vou deixá-lo leviano amor, pois quero ser seu bem querer
Queres comigo ficar ou ao acaso me encontrar às escondidas nessa velha fantasia que é amar?


- E quem disse que não posso ser poesia? (:

Por: J. Tavares




Antecipação

domingo, 8 de novembro de 2009
Um gosto de fruta capturado em um sorriso.
Os olhos de estrela que emanam toda a doçura.
A face corada de criança que ainda sonha.
Mãos entrelaçadas e misturadas e a vontade de nunca mais soltar.
E o cheiro que é tão forte que preenche-me toda e completa.
Um calor gelado que desnorteia os sentidos.
Todo o tempo e o mundo suspensos porque você me olha.
Um minuto, um toque, um encontro.
Ah, tão confortáveis são estes segundos antes de um beijo...



Tanto, tanto sofri por antecipação... E agora ela revela-se tão bela...

Por: Ana Carolina de Assis

Sonho Meu

quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Não sei direito o que aconteceu, lembro-me apenas de uma tempestade. Era forte e o barco virou. Éramos quatro, se não me engano. Ah, não sei quem eram também; rostos conhecidos, porém nomes que me falham a memória. Estávamos em alto mar e num susto avistei um cais - as coisas costumam aparecer do nada nos meus sonhos. Eu vi mais quatro numa casa que veio com o feitiço do meu piscar de olhos - é sempre assim, não disse? -, tinha bebida, cheiro bom de comida e som de gargalhadas felizes. Me tiraram da água, que estava pelo meu estômago, mas não me deixava sair. Recebi roupas secas, bebida, comida e belos sorrisos de admiração. Acho que me esperavam por ali. Vi um berço. Eu a chamava de filha, eles a chamavam de Júlia, parecia mesmo uma menina, mas não sei. Dizem que anjos não têm sexo. Ela dormia profundamente. Incrível como ainda posso ouvir seu coração tilintar junto a melodia que a ninava. Acho que gostava, pois sorria consigo.
O tempo não passava naquele lugar, pois se esticava a eternidade e só se via a luz do sol; foi quando o vi. Como que no instinto, fui em sua direção. Atrás dele, flores e pássaros; acima, um céu de uma grandeza que nunca tinha visto antes. Ah, era azul como numa mistura de cores, acho que ele veio de lá. Seus cabelos voavam com as folhas e tinham cor de girassol. Os olhos, expressivos, eram como amêndoas, me davam até água na boca. Ele sorriu, e eu fiz o mesmo com meus olhos...

- Mãe, me dá meu carrinho?
- Vem, que a mamãe dá.

E seguimos de mãos entrelaçadas como deve ser, pois não há laço maior que esse.

Olha aí, é o meu guri. ♪ *-*

Por: J. Tavares