segunda-feira, 7 de julho de 2008
Nei Giardini Che Nessuno Sa

As flores murcharam, o céu perdeu a cor azulada e passou a ser confundido com as pesadas nuvens brancas que o povoavam. As fontes secaram e não havia mais pássaros aninhando as árvores, pois todas as folhas voaram e busca do destino que o vento escrevera.
Era outono. Parecia ventar cada vez mais e tudo se dispersava a cada milésimo de segundo. Pétalas e espinhos, antes desunidos, voavam agora juntos. As gotas de orvalho secavam antes mesmo de chegarem ao solo, agora, infértil. Impressionante era o desapego de tudo aquilo. Parecia inacreditável e incontestável as direções de cada pedaço daquele jardim. Tudo que um dia fez parte de um mesmo corpo, agora, se desvanecia através do vento que hora tendia para o norte, outrora para o sul.
Do lado de fora, tudo ocorria normalmente. O resto do mundo parecia não se importar ou sequer perceber o tumulto que acontecia naquele local. Passavam por ele. As portas trancadas a sete chaves. Alguns espiavam, mas era impossível de se observar, os muros que o rodeavam eram de um tamanho imensurável. Então, os curiosos observadores desistiam e voltavam para os seus respectivos objetivos, esquecendo-se do tal lugar misterioso. A vida seguia o seu fluxo.
O som voltara, e com ele os outros quatro sentidos. Voltei à realidade sem vontade de me conscientizar dos fatos ocorridos. Abri os olhos. A claridade incomodava-os, fazendo a retina contrair-se. Lá estava eu, de volta à vida de alguma forma. Pensando naqueles meses que permaneci com os olhos fechados, idealizando o jardim. Talvez tenha sido semanas, horas... segundos. Na verdade, não me importa. Apenas me acalmo por saber que ele ainda está aqui, dentro de mim, exatamente como o imaginei. Misterioso. Disperso. Fechado.

Por: Julya Tavares

0 comentários: