Sonho Meu

quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Não sei direito o que aconteceu, lembro-me apenas de uma tempestade. Era forte e o barco virou. Éramos quatro, se não me engano. Ah, não sei quem eram também; rostos conhecidos, porém nomes que me falham a memória. Estávamos em alto mar e num susto avistei um cais - as coisas costumam aparecer do nada nos meus sonhos. Eu vi mais quatro numa casa que veio com o feitiço do meu piscar de olhos - é sempre assim, não disse? -, tinha bebida, cheiro bom de comida e som de gargalhadas felizes. Me tiraram da água, que estava pelo meu estômago, mas não me deixava sair. Recebi roupas secas, bebida, comida e belos sorrisos de admiração. Acho que me esperavam por ali. Vi um berço. Eu a chamava de filha, eles a chamavam de Júlia, parecia mesmo uma menina, mas não sei. Dizem que anjos não têm sexo. Ela dormia profundamente. Incrível como ainda posso ouvir seu coração tilintar junto a melodia que a ninava. Acho que gostava, pois sorria consigo.
O tempo não passava naquele lugar, pois se esticava a eternidade e só se via a luz do sol; foi quando o vi. Como que no instinto, fui em sua direção. Atrás dele, flores e pássaros; acima, um céu de uma grandeza que nunca tinha visto antes. Ah, era azul como numa mistura de cores, acho que ele veio de lá. Seus cabelos voavam com as folhas e tinham cor de girassol. Os olhos, expressivos, eram como amêndoas, me davam até água na boca. Ele sorriu, e eu fiz o mesmo com meus olhos...

- Mãe, me dá meu carrinho?
- Vem, que a mamãe dá.

E seguimos de mãos entrelaçadas como deve ser, pois não há laço maior que esse.

Olha aí, é o meu guri. ♪ *-*

Por: J. Tavares

5 comentários:

Equipe Controle Remoto! disse...

Muita gente diz que a arte imita a vida, mas percebo em mim como o contrário também é plenamente possível - de tal forma que, s'eu contasse a nossa história, por exemplo, achariam que foi um escritor mexicano que bolou. Com o hábito do melodrama, não tenho a capacidade de escrever/descrever a simplicidade d'um sonho.

Obs. 1: Mande um beijo pra Gael
Obs. 2: Ué...você com essa pontuação toda?rs
Obs. 3: TILINTOSA ela, né, gente?rs...¬¬

Jonathan Mendonça disse...

Bastante descritiva. Consegue criar belas imagens! Eu só não terminaria com esta música. Não que não goste dela, pelo contrário. Mas acho que ela é carregada de uma significação que transcende o amor da mãe pelo filho, sugerindo uma tristeza implícita, a qual eu não observei no seu texto.

Julya Tavares disse...

Jonathan, a música não faz parte do texto, portanto sua letra não é importante para que o mesmo seja entendido. O que achei bastante cabível foi apenas essa frase, mas obrigada pela crítica, eu costumo gostar bastante disso. (:
Ah, obrigada pela visita também.

Jonathan Mendonça disse...

Julya, claro que a leitura da música não é importante para que o texto seja entendido. Isto é indiscutível. Só disse isso porque quando li o trecho fui sugerido a um sentimento diferente daquele que seu texto me transmitiu.
Não disse com a pretensão de que você tirasse a música. Disse apenas que eu não terminaria desta forma... e expliquei os motivos..; De qualquer maneira, parabéns pelo texto.

Julya Tavares disse...

Eita, longe de mim te achar pretensioso, Jonathan. Só quis explicar mesmo. (: