Fotografia

domingo, 24 de agosto de 2008
Era apenas mais uma noite de inverno. Fez mais frio do que o esperado naquele ano. Diante da janela coberta por gelo e sereno, um homem – no qual não me foi revelada a identidade - recordava-se de sua vida, inspirado por uma fotografia moldada num porta-retrato prateado, situado na mesa de cabeceira.
Aquele homem vivia sozinho há algum tempo, porém jamais sentira-se tão só como naquela noite, ela parecia mais sombria do que nunca. Os flocos de gelo pareciam-lhe excessivamente barulhentos, e a lua insistia em se esconder.
Diante do retrato, o homem não se reconhecia. Aquele jovem bonito e feliz já não existia em seu íntimo, fora destruído pelos vícios atraídos pelo dinheiro. E nada lhe fazia entender o motivo de vazio e solidão. Tudo aquilo que um dia lhe fez feliz e motivado já não se fazia presente naquilo que ele chamava de vida.
Já era madrugada e não mais nevava. Entretanto, a cena que eu via naquela janela era congelada. O homem, dessa vez, fitava suas mãos, avaliando a velocidade daquele tempo que tanto o castigara. Pensou nas coisas sem fundamento que fizera e então chorou por um tempo considerável.
Era apenas mais uma noite de inverno. Fez mais frio do que o esperado naquele ano.
Aquele velho homem ajoelhava-se aos pés de sua cama e fazia suas preces, como de costume. Então, deitou-se na cama quente que o esperava, agarrou-se ao porta-retrato que tanto lhe significou naquela noite, cobriu-se e fechou os olhos mais uma vez. Pela última vez.

O primeiro de muitos. (:

Por: Julya Tavares

3 comentários:

Lucas L. Rocha disse...

Depois você tem a audácia de falar que não sabe escrever ¬¬' e que EU escrevo coisas tristes ¬¬'²


Sim, ótimo \o/

Karen disse...

tou sempre aqui.
:)

Ana Luísa Guimarães disse...

Bem escrito, um bom escrito. ♥