A Massa

quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Marcham enfileirados como animais.
Apressam-se, pois jamais podem se atrasar.
Vivem tensos. É proibido relaxar.
Atropelam-se e formam uma massa incandescente.
E como lava vão se arrastando;
Sendo levados pelos desdobramentos do caminho.
Ninguém pensa, ninguém sente; só vão seguindo.
Automaticamente.
Ninguém vê.
E em sua própria cegueira acabam por turvarem-se a si mesmos.
Todos sobrevivem, ninguém vive plenamente.
Ninguém se alegra com as flores a desabrochar.
Ninguém sequer notou que a lua está cheia.
Já não se pode enxergá-los com nitidez;
Tamanha confusão empoeirada que formam.
Não são mais pessoas. São só o povo.

Por: Ana Carolina de Assis

0 comentários: