Perfume e Saudade

sábado, 1 de agosto de 2009
Hoje, acordei nauseada. Não no sentido patológico, refiro-me à consciência mesmo. O tempo nem o clima estão como antes, e eu, como sempre, só percebi isso agora. Até o cheiro da minha cama mudou, acho que foi quando você foi embora. Mas, nem o que havia antes, o meu, está lá; se é que me lembro do que era e tinha antes de ter você.
Meio dia quando levantei, acordada desde às quatro. Foram vinte e três anos levantando ao som dos galos, e apenas sete meses para aprender a passar o dia deitada na cama, na nossa cama. Minha e sua.
Trinta e cinco chamadas no celular, cinco mensagens na secretária eletrônica, doze e-mails não lidos e uma caixa de correios a ponto de despencar, de tanta correspondência: inútil, nada era teu. Depois, descobri o porquê da minha náusea - e, dessa vez, falo de patologia - o cheiro estava por todo o apartamento, e devo dizer que ele não era nada bom. Estava forte demais, pensei que fosse desmaiar, até; não pelo cheiro - eu tinha adoração por aquilo - mas pelo vidro, deitado ao chão, por cima daquela nossa foto. Uma cena parecida com a que eu me recordava ter vivido há dois dias atrás: Eu, deitada e em cima daquela foto, como o vidro de perfume francês, o teu perfume.
Minha mãe costuma dizer que não é bom terminar um perfume quando se ama. " - Acabou o perfume, acabou o amor.", diz ela. Pois é, agora, eu acredito.

- E acredito mesmo. (:

Por: Julya Tavares

1 comentários:

Renato Junqueira disse...

Então, desconsiderando a minha costumeira confusão provocada pelas metáforas espertinhas, o texto ficou ótimo! É uma historinha obscura contada pela protagonista e escrita por uma terceira (vc) hahahhahha! Adorei como as cenas se montam facilmente ao ler o texto, o difícil é entender os sentimentos da personagem-narradora, essa sim é um enigma a parte! Parabéns mais uma vez! Bj!

P.S.: Isso tá parecendo crítica literária daqueles escritores merdas mas que todo mundo diz fodão e ele acaba acreditando nisso e inflando o ego hahahahhahahha!