Tua

quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Tinha em mim o desejo de expressar-me, mas tenho medo.
Não de mim, é claro, já aceitei a minha condição de ser.
Temo a nudez que o falar causaria-me.
Demandaria esforços a criar novos panos de sorrisos a fim de cobrir-me.
Minhas vergonhas são justamente minhas verdades.
E, neste emaranhado entre o ideal, acima de mim, e o que dizem certo, permaneço aqui, calada.
Mas vou falar, que importa o que digam?
Aquele que contemplar e julgar impróprio não terá compreendido a essência das palavras.
E, além disto, falarei somente a ti.
E diante de ti, que temer?
Eis tudo: "Amo-te, sou tua... Mas é segredo."

"Minhas desequilibradas palavras são o luxo do meu silêncio." - Clarice Lispector

Por: Ana Carolina de Assis

5 comentários:

Livinha disse...

Ah, finalmente essa mudeza toda vai se acabar. Eu acho que o melhor do impossivel é quando ele é só nosso... imagino o mundo que se abre quando essa descoberta vem a tona...

Enfim. Que boba eu,né? Não consigo me livrar da mania de crer nas palavras, até que me provem o contrário.
Essa mudeza vai perdurar...
E vc aí, optando por sofrer.

Ai, mundo louco.

Rogerio D Lima disse...

Bacana como sempre!Saudades maninha.Beijos!

Unknown disse...

ana e seu dom das palavras...

"temo a nudez que o falar causaria-me.Demandaria esforços a criar novos panos de sorrisos a fim de cobrir-me"



vc e muito talentosa na arte de colocar pingos de pensamentos em despretensiosas frases!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jonathan Mendonça disse...

Leio, e exclamações involuntárias são inevitáveis: "Caramba, isso é bonito demais!"; "Que lindo!"; Há muito o que dizer sobre sua literatura, mas "Temo a pobreza do meu falar"; Que há de se fazer então? Contemplar e contemplar!