Ventos

quinta-feira, 24 de julho de 2008
Está escuro. Não há som de mundo, apenas o ruído do silêncio e da solidão que me invadem. Da janela, vejo somente negrume. O céu está num breu que parece clarear jamais. E então chega um vento, mas ele é diferente, parece pesado, parece arrastar.
As árvores balançam carregadas dos elementos do dia, elas esperaram o vento chegar para levá-los embora. E então o sinto me tocar, não quero ser invadida, mas é difícil evitar a sua força. Quero estar saturada, angustiada, reunir os meus desesperos e emoções. Eu quero chorar, mas ele não deixa. Livra-me, revira-me, purifica-me de sensações. Faz daquela noite um ritual pelo qual não desejo passar, faz daquela janela um lugar do qual não desejo estar, e então se vai. Vai porque passa, porque precisa, porque engana. É só uma questão de ciclo, de obrigação, de seqüência. Assim como as águas dos mares são renovadas pela chuva, assim como o dia é renovado pela noite, assim como o mundo gira...
Os ventos inventam um esquecimento inexistente, uma mudança imutável, um passar de dias arrastados. Porém, não importa. Não há nada mais certo e sensato do que se enganar de algo que é necessário ser mudado...

E então eu percebi que o céu muda de cor toda vez que você vai embora...

Por: Julya Tavares

3 comentários:

Ana Luísa Guimarães disse...

Tu não existe, menina *.*
Ah, Ju.
Tá muito bom!
De verdade, muito bom.

Ana,Gabi & Lívia disse...

Jolie,você vem se superando a cada texto!E parece que está apta a escrever sobre qualquer tema,para qualquer pessoa,e seja lá o que estiver sentindo,transforma em arte!Parabéns!
Beijos!!
P.S.

Anônimo disse...

"Os ventos inventam um esquecimento inexistente, uma mudança imutável, um passar de dias arrastados. Porém, não importa. Não há nada mais certo e sensato do que se enganar de algo que é necessário ser mudado..."

Esse verso é o que me tranquiliza quando páro pra pensar em como vc está julgando a minha atitude.


Muito bom texto, mais uma vez.
Parabéns.